Por Marizete Marson

Em São Bernardo temos o PAVAS um serviço de atendimento à sobrevivente de abuso sexual.

Em São Bernardo temos o PAVAS um serviço de atendimento à sobrevivente de abuso sexual. O PAVAS significa Programa de Atenção à Violência e Abuso Sexual, foi criado em 2000 no município, como objetivo de abrir as portas dos serviços de saúde para as pessoas vítimas deste crime hediondo.

O atendimento para as vítimas de estupro é feito a qualquer dia e horário no pronto-socorro do Hospital Municipal Universitário (HMU) para as emergências, ou seja, até 72 horas após o episódio ocorrido, período em que é possível prevenir gravidez indesejada e doenças sexualmente transmissíveis, e onde são feitos exames, vacinas e medicamentos. Após as primeiras 72 horas, ou após o primeiro atendimento no HMU, os pacientes são encaminhados ao Centro De Atenção Integral à Saúde da Mulher – CAISM para acompanhamento com uma equipe ambulatorial, clínica, social e psicológica. Para o atendimento na saúde, a pessoa não precisa trazer Boletim de Ocorrência.

A coordenadora do programa, a ginecologista Maria Auxiliadora Figueiredo Vertamatti, disse que as mulheres em situação de violência reagem ao tratamento de maneira diferente. “Quando o estupro foi por um desconhecido, em geral, a mulher adere bem ao tratamento, segue na psicoterapia e nas consultas médicas durante alguns meses, e muitas vezes, recebe alta. A alta acontece quando ela não apresenta mais sintomas de sofrimento psíquico e consegue seguir a vida apesar do sofrimento. O tratamento é recomendável porque pode reduzir a chance de sequelas, como depressão, fobias, crises de ansiedade, síndrome do pânico e até tendências suicidas. Todas às vezes, e, mesmo durante o tratamento no PAVAS, as mulheres são encaminhadas à Unidade Básica de referência, para que retomem o acompanhamento com sua equipe de Saúde da Família e ginecologista. Isso a fortalece e promove o reencontro com profissionais com quem já tinha vínculo, faz com que sinta confiança em retomar sua rotina e pode acelerar a alta, inclusive. A integração do HMU/CAISM/PAVAS com os serviços de Atenção Básica tem sido fundamental para o sucesso dos tratamentos que realizamos”.

A médica explica que, em outros casos de violência doméstica, também chamada de violência pelo parceiro íntimo, a coisa costuma ser mais complicada porque existe grande ansiedade e medo por conta da vulnerabilidade própria e dos filhos ao parceiro, medo de retaliação, nova violência, e até mesmo ser morta por ele. Nestes momentos, o serviço social tem uma importância ainda maior, sem contar com a grande articulação entre os parceiros, que funcionam bem no município. Nesses casos é acionada a Secretaria de Desenvolvimento e Ação Social – SEDESC, o Centro de Referência e Apoio à Mulher Márcia Dangremon e, às vezes, a Delegacia de Defesa da Mulher e serviços de proteção. É importante lembrar que a legislação atual alterou o texto do Código Penal, de forma que não somente a penetração vaginal é estupro, mas também carícias indesejadas de conotação sexual, tentativas e outros tipos de penetração. “Então, a mulher pode sim ser estuprada pelo marido ou parceiro. Não pode forçar a mulher a fazer sexo, nem que seja a esposa”, esclarece a médica e coordenadora do PAVAS.

No início do PAVAS, o grande foco era a violência contra a mulher. A violência doméstica, tanto contra a mulher, como contra a criança, é um fenômeno ainda muito frequente em todo o mundo e no Brasil não é diferente.  Diante dos fatos e demandas, o programa foi reformulado, o atendimento à mulher foi se juntando ao atendimento à criança, ao adolescente e também aos homens.

É importante ressaltar que casos de violência contra o menor, o Estatuto da Criança e do Adolescente ainda obriga a família a fazer acompanhamento através do Conselho Tutelar e Ministério Público. Porém, o acompanhamento no PAVAS e na Unidade Básica, vai devolver a autoestima à criança em situação de violência, e os outros parceiros poderão ser ativados para promover proteção necessária, conclui a coordenadora do PAVAS.

Locais de atendimento e referências:

Atendimento de urgência: HMU – Hospital Municipal Universitário – Av. Bispo César D’acorso Filho, 161 – Rudge Ramos, São Bernardo do Campo – SP, Telefone: 4365-1480.

Ambulatório: CAISM – Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher – Rua Barão do Rio Branco, 45 – Santa Terezinha, São Bernardo do Campo – SP, Telefone: 4335-3214.